sábado, março 31, 2007

Café

Depois de me instalar na pensão da Dona Eugénia, sentei-me na sua pequena esplanada a desenhar este ramo de café. Estava muito cansado. Tinha vindo a pé de Chã das Caldeiras até aos Mosteiros. Soube-me bem concentrar-me neste ramo e desenhá-lo o melhor que consegui.

Pensão Tchon di Café. Mosteiros. Ilha do Fogo. Cabo-Verde. Março 2006

sexta-feira, março 30, 2007

Fotografia vs Desenho 5

Num casamento, mesmo como este na praia, não dá jeito nenhum andar com o caderno. E aquele momento tinha que ficar registado no meu Diário. A solução foi mesmo colar parte do convite e desenhar a partir duma fotografia.

Praia da Comporta. Setembro 2005

quinta-feira, março 29, 2007

América do Sul 29

O Chile é um país de extremos. Vai desde um deserto árido e tórrido a outro gelado. Vai desde dois poetas, prémios Nobel da literatura a uma sanguinária ditadura militar. Puert Montt presta homenagem ao primeiro Nobel chileno, Gabriela Mistral, e a uma série de militares, nuns bustos algo ridículos.


Puert Montt. Chile. Abril 2004

quarta-feira, março 28, 2007

América do Sul 28

O primeiro desenho que faço quando chego a um lugar é, normalmente, uma vista da janela do quarto onde fico alojado. Nem sempre essa vista é estimulante mas ajuda-me a descontrair. Puert Montt é uma pequena cidade virada para uma baía no Oceano Pacífico.

Hotel Colina. Puert Montt. Chile. Abril 2004

terça-feira, março 27, 2007

América do Sul 27

Pensei atravessar a fronteira para o Chile de barco, mas informaram-me que era muito caro. Fui de camioneta. Durante todo o percurso avistávamos, ao longe, o vulcão Osorno, imponente.

Percurso Bariloche-Puert Montt. Abril 2004

segunda-feira, março 26, 2007

Portáteis

Não tenho computador portátil. Vejo as pessoas a trabalharem com ele, no comboio por exemplo, e apetece-me arranjar um. Mas vejam este caso: só não li os emails da Sara (não a conheço, só li o nome dela no computador) porque não quis.

Comboio Lisboa-Porto. Março 2007
Os últimos três desenhos aqui mostrados são de um Diário novo. Custa-me sempre começar e os desenhos parece que não saem bem.

domingo, março 25, 2007

Fado

“Gostava de morrer só para saber
que tinhas deitado uma lágrima por mim”

É muito raro ir a uma casa de fados. Já não ia lá desde o ano 2000. Sei-o porque também nessa altura fiz um desenho. Mas quando vou gosto do lado trágico do fado.




Lisboa. Alfama. Março 2007

sexta-feira, março 23, 2007

Livro de Artista 7

Mário Henrique Leiria concebeu e executou este livro em 1950/51. Só em 1999 Cruzeiro Seixas conseguiu editá-lo numa pequeníssima edição, também ela muito artesanal.



Mário Henrique Leiria (1923-980). Poeta e pintor. Fez parte do Grupo Surrealista de Lisboa. Claridade dada pelo tempo

quinta-feira, março 22, 2007

Diário de Viagem 10

Mesmo algumas pessoas que desenham muitíssimo bem sofrem de algum constrangimento quando desenham na via pública ao pé de toda a gente. Não tem a ver com o desenhar bem ou mal. Aconteceu o mesmo a Delacroix aquando da sua visita a Marrocos. Ele contornou esta situação com esboços muito rápidos e escrevendo o que não queria que lhe passasse ao lado. Normalmente coloria os desenhos depois em casa, mas neste caso não o fez.

Eugène Delacroix (França. 1798-1863). Descrição da preparação de um casamento judeu. Marrocos. 1832

quarta-feira, março 21, 2007

Diário 1

Comecei a desenhar em cadernos quando andei a estudar nas Belas Artes. Com o professor Lagoa Henriques. Mas a coisa não pegou. Não os acabava e nem sequer os guardava. Só mais tarde, na minha segunda viagem aos Estados Unidos, fiz o que considero o Diário 1. Mas tinha, como todos os principiantes, algum constrangimento em desenhar à vista das pessoas e por isso ou desenhava de memória ou desenhava objectos.

Nova Iorque. E.U.A. Agosto 1996

terça-feira, março 20, 2007

Desenho 6

Desenhar o modelo inscrito num rectângulo. Aplicar guache com cores opostas e lisas. À maneira de Nikias Skapinakis.

Lisboa. Fevereiro 2007

segunda-feira, março 19, 2007

América do Sul 26

Na longa fronteira entre Argentina e o Chile há uma zona conhecida como dos “grandes lagos”. É uma zona alta, húmida e com vegetação muito densa. Andei por lá de barco e a pé.

Lago Cantaro. Argentina. Abril 2004

sábado, março 17, 2007

América do Sul 25

A cidade de Bariloche é muito agradável. Fica no início da Patagónia e rodeada por lagos e montanhas. A região faz lembrar os Alpes. A dona do hotel onde fiquei, Cristina, era muito simpática e deu-me imensas informações que me foram úteis.

Vista do hotel Milan. Bariloche. Argentina. Abril 2004

sexta-feira, março 16, 2007

Casa do Alentejo

Quem não conhece a Casa do Alentejo, em Lisboa, deve ir lá quanto antes. Fui ouvir um senhor, grande conhecedor do Surrealismo português, de seu nome Perfecto Quadrado. Foi convidado pelos “Amigos dos Castelos”, associação cultural que agarra todos os pretextos para viajar. Se desenham nas viagens é o que vou saber um dia destes.


Casa do Alentejo. Lisboa. Março 2007

quinta-feira, março 15, 2007

O Diário gráfico como desinibidor 1

Conheço experiências do uso do Diário Gráfico nos mais variados níveis etários. Os professores usam-no e incentivam os seus alunos a fazerem o mesmo, de maneira que eles tenham vontade de desenhar fora da sala de aula, no seu quotidiano. Mesmo quando não resulta, fica a ideia para mais tarde.

Lurdes Pessoa. Escola B2,3 Du Bocage. Setúbal. Professora de Eduardo Pasadinhas

Eduardo Pasadinhas . 5ºano. Escola B2,3 Du Bocage. Setúbal.

quarta-feira, março 14, 2007

O Diário Gráfico como desinibidor

Gosto muito de lembrar este excerto de texto de John Ruskin, inglês do século XIX, artista, critico de arte e ensaísta: “Nunca encontrei, até agora, alguém que seja completamente impossibilitado de aprender a desenhar (…) exactamente da mesma maneira que quase todas as pessoas têm disposição para aprender francês, latim ou aritmética, num grau aceitável (…) supondo que estão dispostos a aguentar um certo aborrecimento e umas quantas desilusões com valentia, posso prometer-lhes que uma hora de prática diária durante seis meses, ou uma hora cada dois dias durante doze meses, ou da maneira que acharem melhor, umas cento e cinquenta horas de prática lhe darão o suficiente domínio do desenho”. Cito, parcialmente, esta frase no início do blog porque penso que o Diário Gráfico é uma boa maneira de começar.

Francisco Vidal (1978) é um pintor com imenso talento e que desenha muitíssimo bem

terça-feira, março 13, 2007

América do Sul 24

Quase à chegada a Bariloche, depois de uma noite de viagem e passadas 24 horas de camioneta, tive uma visão dumas árvores amarelas. Uma espécie de ciprestes luminosos. Não percebi se era uma visão, resultado de uma noite mal dormida. Não descansei enquanto não as pintei, enquanto tinha aquela visão nos meus olhos. Disseram-me depois que eram álamos.

Bariloche. Argentina. Abril 2004

segunda-feira, março 12, 2007

Lisboa 3

Já escrevi aqui, anteriormente, sobre a dificuldade que algumas pessoas têm em desenhar a cidade onde vivem. Entre as quais me incluo. Mas, do mesmo modo, é um prazer deambular como se fosse um estrangeiro. Procurar sítios com pessoas oriundas de outros países. São locais tipicamente lisboetas mas que parecem outra cidade. Neste largo bebe-se uma ginginha enquanto se imagina estar em Luanda.

Largo S.Domingues. Lisboa. Janeiro 2007

sexta-feira, março 09, 2007

À espera 1

Gosto de andar de transportes públicos. Permite ler, escrever e desenhar. Às vezes. Mas não há dúvida que o carro dá-nos, pelo menos fora das cidades, uma grande sensação de liberdade. O pior é quando se avaria e passamos horas numa garagem. O que me valeu mesmo foi o Diário Gráfico.

Lisboa. Março 2007

quinta-feira, março 08, 2007

Paginação

"(…) por vezes vou buscar informação escrita para fazer o contraponto da caligrafia em termos de composição". Pedro Salgado

Pedro Salgado. Biólogo. Desenhador Científico

quarta-feira, março 07, 2007

O Diário Gráfico como um objecto

Já me perguntaram porque faço questão de apresentar o caderno sempre em dupla página mesmo que uma delas não tenha nada de interesse ou esteja mesmo em branco. Interessam-me, neste blog, os desenhos feitos em cadernos e não desenhos. Interessa-me o modo como o autor paginou aquele espaço. Há diferença entre um desenho feito numa folha de papel solta e o feito num caderno. Além de que quero mostrar o caderno como um objecto.
Abro aqui uma excepção.
"Normalmente os que são de observação faço no local a lápis e depois em casa aplico a aguada, já de memória (...) Estou sempre com o caderno, porque às vezes tem a ver com o momento. À noite é mais para adormecer. " Mina Anguelova


Mina Anguelova. Aluna do 12ºano da Escola Secundária António Arroio no ano 2006

terça-feira, março 06, 2007

Memórias

Este senhor que gesticula enquanto fala, faz poesia, escrita, desenhada e também com objectos, como este que se pode ver no desenho abaixo: Uma vela num castiçal atravessada por uma faca. A casa dele está cheia de memórias. Desenhei algumas. Arte africana e uma escultura de Jorge Vieira. Pedi-lhe emprestado uns livros de artista de Mário Henrique Leiria, que um dia destes posso mostrar aqui.

Casa de Cruzeiro Seixas. Lisboa. Março 2007

segunda-feira, março 05, 2007

Desenho 5

Desenhar um automóvel. Representá-lo proporcionalmente e com pormenores. Deixar transparecer que o Desenho é um processo e não o fim. Usar papel vegetal e marcadores. Aplicar cor com meios riscadores. (não foi isto que fiz no Diário Gráfico). À noite fui jantar a um japonês e depois ao cinema ver um filme a não perder: “A vida dos outros”.

Lisboa. Março 2007

domingo, março 04, 2007

América do Sul 23

Buenos Aires é uma cidade com bairros muito distintos e diversificados. Diferentes no tipo de arquitectura, no tipo de comércio, nas suas classes sociais, na maneira de estar. O bairro Las Cañitas é muito agradável. Fez-me lembrar o Marais em Paris. Tem lojas, restaurantes, cafés e pessoas que parecem felizes. Fui almoçar a um pequeno restaurante na rua Baez com música de fundo da Cesária Évora.


Las Cañitas. Buenos Aires. Abril 2004

sábado, março 03, 2007

América do Sul 22

Fui ao M.N.B.A. (Museu Nacional de Belas Artes). Apesar das instalações serem algo antiquadas tinham obras muito boas, que cobriam grande parte da História de Arte. Coisas que cá são impossíveis de encontrar. Encontrei, também, preciosidades como um desenho de Delacroix, feito em Marrocos, tirado de um dos seus cadernos. E uma pintura de Tomás Maldonado, designer e teórico do design, argentino, que eu não fazia ideia que pintava.

Buenos Aires. Argentina. Abril 2004

sexta-feira, março 02, 2007

América do Sul 21

Quando cheguei a Buenos Aires tive uma agradável surpresa. Estava anunciado um espectáculo de Chavela Vargas. À borla. Quis oferecê-lo aos porteños. Era preciso levantar bilhetes com antecedência. Já não havia. Mas consegui entrar na mesma. Foi no Luna Park e estava a abarrotar. O único desenho que consegui fazer foi este.

Buenos Aires. Argentina. Abril 2004

quinta-feira, março 01, 2007

Viagem interior

Os motivos que levaram Frida Khalo a fazer um Diário não tem nada a ver com a comunicação com os outros e sim com o intuito de estabelecer uma relação consigo mesma.

Frida Kahlo. México (1907-1954). Pintora
Dimensões do caderno: 15x23,5 cm