Antes de chegar a Évora, vindo de Lisboa, dá sempre vontade de virar à direita para visitar este lugar mágico. E depois ficar lá um bom bocado a olhar para as pedras e o que as envolve. Meditar?...
João Catarino para quem o Diário Gráfico é, também, “…uma forma de pautar a vida e de organizarmos a nossa própria história, para além, de um grande companheiro de viagem”, colabora desde há uns dias no site www.diariografico.com. Além da 1ªpágina ter ficado bem composta com um desenho seu, podem ver no site mais imagens e um texto escrito por ele. Além do seu blog.
João Catarino. Professor. Ilustrador. Designer gráfico
Simonetta Capecchi além de uma óptima desenhadora e dinamizadora do blog inviaggiocoltaccuino, é comissária de uma exposição de Diários de Viagem com o mesmo nome e que irá decorrer no próximo fim-de-semana em Nápoles. Podem ver o Programa no seu blog.
Quando se viaja, especialmente por períodos longos e sozinho, assalta-nos, por vezes, uma grande nostalgia. Ao rever este desenho recordei este fim de tarde em São Filipe. Enquanto o sol se punha viam-se pequenos barcos de pescadores e, ao longe, a ilha Brava.
O senhor Viriato, com os seus 82 anos, continua a frequentar a taberna do Ramiro e a cantar e a beber com os outros. O Zé tentou ensinar-me a letra duma canção em crioulo. Cá fora passeavam umas cabrinhas.
Na tasca do Ramiro (no violino) ouvia-se música durante todo o dia e noite. Os músicos revezavam-se. Bebia-se vinho e queijo da ilha. O Zé (no cavaquinho) é da família Montrond. Aristocrata exilado francês que deixou grande descendência naquela povoação. Para grande desconsolo do grupo não deixei este desenho, mas prometi (e fiz) enviar fotocópias para todos quando regressasse.
Quando me perguntam que ilha gostei mais, quando andei por Cabo-Verde, não sei responder. São todas difíceis e fáceis de gostar. Mas é certo que ficamos a pensar nelas para sempre.
Ilha do Fogo. Chã das Caldeiras. À direita pode ver-se o hotel do francês, onde fiquei instalado
Quando fui a Cabo-Verde percorri durante 9 semanas as 9 ilhas. Não fui a Santa Luzia, ilha desabitada e perigosa de desembarcar. O livro “Cabo-Verde. Notas Atlânticas” de Jean-Yves Loude (Europa-América), fundamental para quem quer conhecer este país, refere-se a isso. Indicaram-me agora um blog, com imagens excepcionais de vários países, entre os quais Cabo-Verde. E parece que o autor só não foi à Boavista. Vale a pena visitá-lo apesar de não ser actualizado há já uns tempos.
O senhor Bernardo, motorista de táxi no Mindelo que ficou meu amigo enquanto andei por lá, quando fui apanhar o avião para a ilha da Boavista, saiu-se com esta: “Eu e a bebida não somos colegas. Ela é mais forte que eu”.
Este blog, dum espanhol a viver nos States, cruza muito bem registos diários, com trabalho profissional, anotações técnicas dos desenhos e notícias do dia. Sempre com desenhos de qualidade e comentários a condizer.